Mostrando postagens com marcador raul seixas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador raul seixas. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Raul Seixas e sua carteirinha de fã clube Elvis Presley

O documentário já foi visto nos cinemas por mais de 170 mil pessoas e chega às lojas em três formatos: DVD simples, DVD duplo e uma edição especial de colecionador, que inclui um CD com a trilha sonora do longa em gravações originais, além de reproduções de imagens históricas como a carteirinha do fã clube Elvis Rock Club, do qual Raul, quando criança, foi integrante, na Bahia.

Elvis Rock Clube
Carteirinha de Raul Seixas do Elvis Rock Club


Além de Paulo Coelho, o filme traz ainda depoimentos de Nelson Motta, Tom Zé, Pedro Bial, Caetano Veloso, Marcelo Nova, Plínio Seixas (irmão de Raul) e outros amigos da adolescência. Além, é claro, de depoimentos dos integrantes da Sociedade Alternativa e seguidores de Aleister Crowley, do qual Raul era ligado. "Muitas coisas sobre Raul já estão disponíveís na internet. O desafio foi trazer coisas novas", explica Walter Carvalho.
Uma delas é a declaração de Roberto Menescal sobre o suposto encontro de Raul com John Lennon em Nova York. "Nunca ocorreu. Foi tudo inventado", diz ele no documentário. Declarações sobre uso de drogas e outras loucuras que Raul fez na sua vida também foram incluídas. "Quando soube de sua morte, sabia que ele se transformaria nesse mito. Mas não poderia imaginar que mais de 20 anos depois ainda estaríamos falando dele", lembra Paulo Coelho.


Manuscrito de Gita
Manuscrito da música Gita


As declarações de Jerry Adriani, que pouco apareceram no documentário, também estão nos extras. Numa delas, Adriani relembra como Raul entrou de penetra em seu casamento dizendo que era o padre. O padre verdadeiro, por sua vez, foi barrado. Confusão desfeita, ele convidou Raul para ser coroinha do casamento de Jerry.
No Brasil, Raul é um dos artistas mortos que mais vendem discos, com cerca de 300 mil unidades por ano. Este lançamento em DVD chega para somar ao já vasto conteúdo disponível na internet e nas lojas. E o melhor, com informações e imagens inéditas.



tags: raul seixas; toca raul, rauzito, carteirinha de raul, dvd inicio fim e o meio
Fonte: R7

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

RAUL SEIXAS - Canto para minha morte (1984)




Raul Seixas

Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos.
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir.
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar

Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?

Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida.
Existem tantas... Um acidente de carro.
O coração que se recusa abater no próximo minuto,
A anestesia mal aplicada,
A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe,
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...

Oh morte, tu que és tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem.
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem,
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...

Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

sábado, 7 de julho de 2012

O Túmulo de Rauzito (28/06/1945 - 21/08/1989)







Raul Santos Seixas foi um famoso cantor e compositor brasileiro, frequentemente considerado um dos pioneiros do rock brasileiro.
Também foi produtor musical da CBS durante sua estada no Rio de Janeiro, e por vezes é chamado de
"Pai do Rock Brasileiro" e "Maluco Beleza".
Sua obra musical é composta de 21 discos lançados em seus 26 anos de carreira e seu estilo musical é tradicionalmente classificado como rock e baião, e de fato conseguiu unir ambos os gêneros em músicas como "Let Me Sing, Let Me Sing".
Seu álbum de estreia, Raulzito e os Panteras(1968), foi produzido quando ele integrava o grupo “Os Panteras”, mas só ganhou notoriedade crítica e de público com as músicas de Krig-ha, Bandolo! (1973), como "Ouro de Tolo", "Mosca na Sopa", "Metamorfose Ambulante".




Raul Seixas adquiriu um estilo musical que o creditou de "contestador e místico", e isso se deve aos ideais que vindicou, como a Sociedade Alternativa apresentada em Gita (1974), influenciado por figuras como Aleister Crowley.
Raul se interessava por filosofia (principalmente metafísica e ontologia), psicologia, história, literatura e latim, sendo que algumas crenças dessas correntes foram muito aproveitadas em sua obra, que possuía uma recepção boa ou de curiosidade por conta disso.
Ele conseguiu gozar de uma audiência relativamente alta durante sua vida, e mesmo nos anos 80 continuou produzindo álbuns que venderam bem, como
“Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum! (1987)” e ”A Panela do Diabo (1989)”, esse último em parceria com Marcelo Nova, e sua obra musical tem aumentado continuamente de tamanho, na medida que seus discos (principalmente álbuns póstumos) continuam a ser vendidos, tornando-o um símbolo do rock do país e um dos artistas mais cultuados e queridos entre os fãs nos últimos quarenta anos.




Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone Brasil promoveu a Lista dos Cem Maiores Artistas da Música Brasileira, cujo resultado colocou Raul Seixas figurando a posição 19ª, encabeçando nomes como Milton Nascimento, Maria Bethânia, Heitor Villa-Lobos e outros.
No ano anterior, a mesma revista promoveu a Lista dos Cem Maiores Discos da Música Brasileira, onde seu
“Krig-ha, Bandolo!” de 1973 atingiu a 12ª posição, demonstrando que o vigor musical de Raul Seixas continua a ser considerado importante hoje em dia.
As 50 apresentações pelo Brasil resultaram naquele que seria o último disco lançado em vida por Raul Seixas. O disco foi intitulado de A Panela do Diabo, que foi lançado pela Warner Music Brasil no dia 22 de agosto de 1989.



Às 7:00’ da manhã de segunda-feira, 21 de Agosto de 1989, a empregada de Raul Seixas, Dalva Borges, como de costume, entrou no quarto onde Raul dormia para abrir a janela e observando, viu que o lençol o cobria até a altura do peito.
Então, saiu dali para iniciar as tarefas do dia. Mas Raul não acordava e isso era incomum, pois geralmente bastava um só ruído e ele já se levantava.
Preocupada, Dalva decidiu vê-lo de novo e o encontrou-o do mesmo jeito, e sem reação.
Dessa forma ela julgou que talvez ele estivesse morto.
Assustada, passou a mão no telefone e ligou para os amigos Marcelo Nova e Jerry Adriani.
Não conseguiu encontrá-los.
Tentou então o numero do parceiro José Roberto Romeira Abrahão.
Ele então pediu que Dalva colocasse um espelho próximo às narinas de Raul, para ver se ainda respirava.
Ela foi e voltou dizendo que não saía vapor do nariz e ele não dava sinal de vida.
Junto do médico Luciano Stancka e de Marcelo Nova, Abrahão se dirigiu ao flat de Raul e lá chegando o doutor verificou que ele estava morto já havia algumas horas e deu o atestado de óbito.
A notícia foi segurada até a tarde para não provocar confusão no prédio.
Raul Seixas morreu com 44 anos de idade de pancreatite aguda, causada pelo excesso de bebida.
O LP A Panela do Diabo vendeu 150.000 cópias, rendendo a Raul um disco de ouro póstumo, entregue à sua família e também a Marcelo Nova, tornando-se assim um dos discos de maior sucesso de sua carreira.
Raul foi velado pelo resto do dia no Palácio das Convenções do Anhembi.
No dia seguinte seu corpo foi levado por via aérea até Salvador e sepultado às 17 horas, no Cemitério Jardim da Saudade
Causa da Morte: Pancreatite Aguda.



Sepultamento: Cemitério Jardim da Saudade, Salvador, Bahia.
Rua Campinas Brotas, 754 - Brotas, Salvador – BA.

tags: tumulo,raul,rauzito, pancreatite,rock nacional, rei do rock,

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Sertanejos cantam Raul

Vários sertanejos regravaram sucessos de Raul Seixas, que completaria 66 anos nesta terça-feira
Raul Seixas _ reconhecido como o maior nome do Rock’n’roll nacional _ completaria 66 anos terça-feira (28)julho . Raul foi o maior responsável pela divulgação do ritmo no Brasil, totalizando 21 álbuns lançados, em 26 anos de carreira.

O que pouca gente sabe, no entanto, é que Raulzito também teve uma importante contribuição para a história da música sertaneja. Sem ele, talvez não pudéssemos comemorar 40 anos de sucesso de uma das maiores duplas do gênero: Chitãozinho & Xororó.

No meio da década de 70, a carreira dos irmãos ainda não havia deslanchado, e Xororó conta que pensaram em desistir da música. Era uma época difícil, de muitas viagens e quase nenhum retorno financeiro. Porém, ao ouvirem no rádio a canção “Tente Outra Vez”, sucesso de Raul Seixas, afastaram a ideia da cabeça.

A música serviu de inspiração para continuarem “tentando”. Foi como se o roqueiro estivesse enviando um recado, diretamente para os sertanejos.

“Aquela música bateu fundo, entrou pela veia e a gente começou a olhar um para o outro, já com os olhos marejando, e falamos: vamos parar de cantar e a gente vai fazer o que? Vamos ouvir o que ele está falando, vamos tentar de novo. Dois a três anos depois, conquistamos o primeiro disco de ouro“, revela Xororó.

Mesmo após sua morte, ocorrida em 1989, Raul Seixas continua vivo no coração e na mente de sua enorme legião de fãs. Inúmeras regravações de seus sucessos são realizadas todos os anos, por artistas dos mais variados segmentos.

Vários sertanejos também homenagearam o genial compositor e cantor, regravando muitas canções que fizeram enorme sucesso na voz do roqueiro, há décadas.

Entre as mais conhecidas releituras de Raulzito, “O Trem da sete” foi regravada por Eli Silva & Zé Goiano, Gilberto & Gilmar e João Carreiro & Capataz. O clássico “Medo da Chuva” ganhou versão nas vozes de Zezé di Camargo & Luciano, Chitãozinho & Xororó e Rionegro & Solimões. A própria “Tente Outra Vez” foi regravada por Chitãozinho & Xororó.

Outros ícones da música sertaneja, Milionário & José Rico escolheram “Gita”. E coube a Duduca & Dalvan a regravação de uma das músicas mais conhecidas do “pai do rock brasileiro”, que continua sendo usada para denominá-lo: “Maluco Beleza”.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Raul Seixas e a Ditadura Militar

Contracultura

A contracultura, movimento conhecido pelas diversas experiências de rejeição aos sistemas político e econômico da década de 1960 e 1970, também teve o Brasil como locus para suas ideias, e foi na esfera cultural que a contracultura conseguiu infiltrar-se com maior força no país.
Este movimento foi formado por uma base de rebelião juvenil, conforme afirma Boscato, que acreditou nos caminhos abertos por Che Guevara em busca de uma nação socialista internacional ou ainda àqueles que não se enquadrariam em nenhum sistema econômico homegeinizador e viam nas sociedades alternativas uma forma de driblar a sociedade oficial.
A contestação no Brasil surgiu durante o período mais grave do regime militar, “no momento em que se prendia, torturava e eliminava quem ousasse se opor ao governo e a censura tomava conta dos meios de comunicação” . A cultura converteu-se em uma trincheira da oposição e os ventos da contracultura encontraram na música um nicho de debate e de crítica do governo militar. 
 
O Ato Institucional 5 que proibiu qualquer manifestação política, deu poderes extraordinários ao presidente, além de aplicar medidas de segurança no caso de recusa da sociedade foi imposto em 1968 no governo de Costa e Silva. Já no início da década de 1970 o então presidente, General Médice, assinou o Decreto-lei 1077 que estabeleceu a censura prévia nos programas de TV e nas publicações de periódicos e livros. O texto era claro: “Não serão toleradas as publicações e exteriorizações contrárias à moral e aos bons costumes quaisquer que sejam os meios de comunicação” e ainda “Verificada a existência de matéria ofensiva à moral e aos bons costumes, o Ministro da Justiça proibirá a divulgação da publicação e determinará a busca e a apreensão de todos os seus exemplares”

Instaurado o autoritarismo no país através de leis como a 1077/1970 e dos atos institucionais que tolhiam os direitos da população, a cultura serviria como um viés para que a esquerda pudesse se articular.
Foi na música que o baiano Raul Seixas encontrou uma arma de crítica ao governo e uma maneira de debochar do conformismo nacional frente ao milagre econômico . Esta característica ficou evidente em seu primeiro álbum solo Krig-ha, Bandolo!, lançado em 1973 em pleno governo Médice. A música Ouro de Tolo reduziu a nada as vantagens ilusórias ofertadas pela ditadura:

Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês...
(...)
Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
(...)
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"

O autor Marcos Napolitano mostra como a esfera cultural foi foco da chamada “comunidade de informações”, responsável pela elaboração de perfis e prontuários dos suspeitos de atividades tidas como subversivas. Músicos como Geraldo Vandré e Chico Buarque de Hollanda foram alvos constantes da vigilância e do controle dos agentes, que atuaram entre 1967 e 1982. No início da década de 1970 a vigilância sobre a MPB esteve relacionada com o movimento estudantil, sendo este uma das principais peças acusatórias observadas pelo autor nos prontuários dos vigilantes especialmente do DOPS . As participações em festivais e no movimento do MDB também integravam esta lista. Já no início da década de 1980 os olhos dos censores recaíram sobre os movimentos operários, como dos metalúrgicos do ABC paulista.


O historiador Marcelo Ridenti também traz o engajamento por parte da música como contestadora do governo militar. Fica claro em sua obra Em busca do povo brasileiro: artistas da revolução, do CPC à era da TV, a ambigüidade do meio musical brasileiro onde ao mesmo tempo em que foi grande alvo da censura, consolidou-se numa indústria cultural que deu emprego para um grande número de pessoas.
Em sua tese de doutoramento Luis Alberto de Lima Boscato discute a Contracultura através da obra de Raul Seixas mostrando a mescla de influências do baiano. As idéias do mago Aleister Crowley, a Nova Utopia proposta por Lennon e Yoko Ono e o Anarquismo “fizeram a cabeça” do cantor e são explícitas as suas influências nas letras de suas músicas.

Raul Seixas não se encaixava na chamada esquerda, porém também não fechou os olhos diante da repressão do regime militar. Suas letras eram explícitas e alfinetavam o governo e a postura apática e omissa da sociedade que se calou diante do milagre econômico. Nada mais objetivo que a Marcha do Ouro de Tolo para mostrar como Raul e seu parceiro Paulo Coelho partiram para a ação contra a censura, o autoritarismo e o conservadorismo.
Brevemente, a Marcha do Ouro de Tolo foi uma passeata no centro do Rio de Janeiro em janeiro de 1973 onde a imprensa foi convocada para cobrir o evento. A música foi repetida por 40 vezes e a conservadora Rede Globo exigiu que a vinculação no Jornal Nacional só poderia ser feita com a substituição do verso: “eu devia estar feliz porque consegui comprar um corcel 73” teve que ser trocada para “eu devia estar feliz porque consegui comprar um carrão 73”(grifo meu), simplesmente para a emissora não fazer propaganda gratuita para a Ford.

Uma música despertou olhar dos censores, era “Como vovó já dizia”, anteriormente chamada de “Óculosescuro”, que fazia parte do álbum O Rebu e foi trilha sonora da telenovela homônima em 1975. O verso que dizia “quem não tem papel dá recado pelo muro” foi substituído por “quem não tem filé come pão e osso duro” e ainda o verso que dizia “quem não tem presente se conforma com o futuro” virou “quem não tem visão bate a cara contra o muro”. Dentre outras modificações que a música teve que passar para ser liberada.

Uma das bandeiras levantadas pelo movimento contracultural foi a busca pela liberdade sexual. No Brasil, a legislação primava pela moral e os bons costumes, conforme destacados anteriormente, mostra claramente a postura conservadora no qual a sociedade esteve submetida. A liberdade cantada por Raul também abarcou a sexualidade, sua música “A Maçã” que compõem o álbum Novo Aeon, lançado em 1975, traz claramente a idéia da poligamia:

Quando eu te escolhi
Para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma
Ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi
Que além de dois existem mais...
Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar

Raul foi singular, seu estilo americanizado e anarquista nada agradou a esquerda armada brasileira. Porém, assim como muitos militantes Raul e Paulo Coelho também foram presos e torturados pelo regime que fechou o cerco no início da turnê de Krig-Há Bandalo! Quando indagado sobre sua prisão e expulsão do país em uma entrevista à Revista Bizz em março de 1987, Raul responde que:

"Veio uma ordem de prisão do Exército e me detiveram no Aterro do Flamengo. Me levaram para um lugar que não sei onde era. Imagine a situação; estava nu, com uma carapuça preta. E veio de lá mil barbaridades. Tudo para eu dizer os nomes de quem fazia parte da Sociedade Alternativa, que, segundo eles, era um movimento revolucionário contra o governo. O que não era. Era uma coisa mais espiritual. Preferiria dizer que tinha pacto com o demônio a dizer que tinha parte com a revolução. Então foi isso, me escoltaram até o aeroporto." (História do Rock Brasileiro: dos Novos Baianos à Rita Lee. Revista Superinteressante. Ed. Abril, 2004. Página 38)



A paranóica direita militar via na sociedade alternativa um foco de um possível movimento revolucionário. E como declarado pelo próprio Raul esta era “uma coisa mais espiritual” e mesmo sendo um dos muitos artistas que criticaram o governo dos militares, o cantor nunca tomou uma posição partidária quanto ao regime.

Raul cantou a liberdade em todos os seus possíveis significados, especialmente o de não ter opinião. Lamentavelmente, eu diria, sua obra foi vinculada a greve de 1979, quando em um cartaz de 1º de maio, havia uma mosca com o rosto do sindicalista e futuro presidente Luis Inácio Lula da Silva e os dizeres “se você mata uma vem outra em meu lugar” . Justo ele que debochou das opiniões prontas da direita, da esquerda e de quem quer que fosse. A mosca na sopa da ditadura foi absorvida pelo que ela mais abominava: ter posição.

Ouro de Tolo!

http://www.youtube.com/watch?v=cn0S56WPkjQ


Referências

BOSCATO, Luis Alberto de Lima. Vivendo a sociedade alternativa: Raul Seixas no panorama da contracultura jovem. Tese de Doutorado em História Social. USP, 2006.

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2003

História do Rock Brasileiro: dos Novos Baianos à Rita Lee. Revista Superinteressante. Ed. Abril, 2004, pp 36 - 45

MOTTA, Nelson. Metamorfose ambulante ou ouro de tolo? Disponível em http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/12/406073.shtml

NAPOLITANO, Marcos. A MPB sob suspeita: a censura musical vista pela ótica dos serviços de vigilância política (1968-1981). Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 24, nº 47, 2004

PRADO, Luiz Carlos D; EARP, Fábio Sá. O “milagre” brasileiro: i. In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida N (orgs). 2ª ed. O Brasil Republicano: o tempo da ditadura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, pp. 207-241

RIDENTI, Marcelo. Todo artista tem de ir aonde o povo está. In: Em busca do povo brasileiro: artistas da revolução, do CPC à era da TV. São Paulo: Record, 2000, pp.319-363



tags: raul seixas, ditadura militar, covardes, militar, censura, presos politicos, atraso brasileiro,

quinta-feira, 12 de abril de 2012

As mulheres de Raul Seixas

Retirado na integra do site memorial de Raul Seixas
http://www.memorialraulseixas.com

  • Alcoolismo Saiba por que o álcool foi o principal responsável pela morte precoce do roqueiro



As mulheres de Raul Seixas



A primeira esposa de Raul foi a norte-americana Edith Wisner, filha de um pastor protestante. O pai da garota não queria que ela namorasse Raul e mandou a filha estudar nos Estados Unidos durante um ano.

O pai dela era, imagine, pastor protestante e não queria de maneira nenhuma que nós nos casássemos. Então mandou a filha estudar no Tenesse, nos Estados Unidos, um ano inteiro pra me esquecer. Mas a gente se correspondia todo dia. Tenho 365 cartas enormes guardadas. Quando Edith voltou, eu saquei que o problema todo poderia ser resolvido com o estudo. Então queimei as pestanas e fiz vestibular para Direito, Filosofia e Psicologia. Passei em tudo, cheguei pro pai dela e disse: "Viu como é fácil ser burro?"

Com o aval do sogro, Raul casa-se com Edith em 1967, ao mesmo tempo em que decide retomar a carreira com Os Panteras. Edith esteve ao lado de Raul em momentos difíceis, como o fracasso dos Panteras no Rio de Janeiro e a pressão do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) sobre Raul e Paulo Coelho por conta da Sociedade Alternativa e que acabou resultando em um autoexílio em 1974. Após o retorno ao Brasil, o casamento acaba porque Raul abandona a esposa e a filha para passar uma temporada em Brasília acompanhado de Gloria Vaquer. Edith decide levar a filha Simone para viver com ela nos Estados Unidos.

A nova paixão de Raul é outra norte-americana: Gloria Vaquer, irmã do seu guitarrista Jay Vaquer. Da união nasce Scarlet, segunda filha de Raul. Juntos, compõem as músicas Sunseed e Love Is Magick. O casamento se desfaz em 1977, em meio a problemas de saúde de Raul, e Gloria vai embora para os Estados Unidos, levando a filha Scarlet.


Raul Seixas e Tânia Menna Barreto se conhecem ainda em 1976. Pouco tempo depois veio o namoro e o casamento. Tânia acompanhou Raul na viagem para o interior da Bahia, onde ele passou alguns meses em tratamento se recuperando de sua pancreatite, agravada pelo consumo de álcool. Tânia compôs com Raul músicas do álbum Mata Virgem de 1978. Para ela, Raul compôs Tânia, mais tarde gravada como Baby. Raul e Tânia separam-se em 1979.


Logo depois de sua terceira separação, Raul (que não conseguia ficar sozinho) conhece Angela Costa, a Kika Seixas. Ao lado de Kika, Raul vai morar em São Paulo, onde nasce a filha do casal, Vivian. Também ao lado de Kika, Raul passa por mais momentos difíceis. Sem gravadora, os dois ouvem recusas de todos os diretores que procuraram. Até que Raul é contratado pelo Estúdio Eldorado, onde grava o LP Raul Seixas e ganha seu segundo disco de ouro. Juntos, compõem as músicas Geração da Luz, D.D.I, Coisas de Coração e Quero Mais, além de Nuit, que só foi gravada em 1989. Em 1984, o penúltimo casamento de Raul se rompe.


Ainda em 1984, Raul conhece aquela que seria sua quinta companheira: Lena Coutinho. Com a ajuda de Lena, Raul compõe Quando Acabar o Maluco Sou Eu, Paranóia II, Loba, (Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum! - 1987) A Pedra do Gênesis, Fazendo o Que o Diabo Gosta, Não Quero Mais Andar na Contra-Mão e Senhora Dona Persona (A Pedra do Gênesis - 1988). Raul acaba separando-se de Lena em 1988.




Depois de cinco esposas, Raul Seixas acabou ficando só. Vivia solitário em um apartamento em São Paulo. Tinha apenas a companhia da empregada Dalva Borges e de alguns amigos que vinham lhe visitar. Raul acabou falecendo em 21 de agosto de 1989.

Muitas mulheres eu amei, e com tantas me casei, mas agora é Raul Seixas que Raul vai encarar.

tania disse...
O.K. Raul conheceu Gloria em 1972, Tania (eu, em 1976, namoramos e casamos até 1979, quando nos separamos mas nos víamos ainda até 1984. Com Angela Costa, ele começou a se relacionar logo após nos separarmos e foi morar com ela em 1980. A última vez que ví Raul, foi em 1984 e ele já estava com Lena. Conhecí Raul no Rio, onde sempre morei, até ir para os EUA, em 1990. Não vim da Bahia com Raul. Fui pra Bahia com Raul, é diferente. Com Lena, acredito que também não foi bem como está sendo contado. Aliás, a história das mulheres de Raul têm sido deturpada sempre. Acho que já é hora de se começar a contar direito essa história.

Tania Menna Barreto - 3a. mulher de Raul Seixas
tania disse...
As datas, em relação às mulheres de Raul e as informações têm sido sempre confusas: RAUL esêve com Edith Weisner por 11 anos: primeira namorada, mulher e primeira filha, com ela.
Com Glória Vaquer Seixas, de 1974 a 1978 - filha: Scarlet Seixas
Tania Menna Barreto (eu): 1976 A 1979, no Rio (não vim da Bahia não. Nós fomos juntos à Bahia ) entre namoro e morar juntos - nos víamos até 1984.
Angela Costa (Kika) 1980 - 1983 ou 1984: Filha: Vivian Seixas.
Lena Coutinha: já estava com Raul em 1984 e não sei até quando ficaram juntos. Também não creio que ele tenha vindo com ela da Bahia mas sim que tenha ido com ela à Bahia.

A biografia de Raul tem sido deturpada ao longo desses anos mas, agora, certos fatos começam a se esclarecer. Houve interesses de mudanças, por motivos pessoais, de pessoas envolvidas na vida de Raul, de mudar sua biografia, o que, cá pra´nós, isso não é legal mas o tempo traz tudo à tona. E eu fui a 3a. mulher de Raul e posso falar melhor disso do que outras pessoas.
Memorial Raul Seixas disse...
Tânia,

O "Memorial Raul Seixas" tem um compromisso com a verdade e, por isso, sempre estará disposto a esclarecer quaisquer fatos que foram ou forem deturpados.

As informações para este artigo foram retiradas de livros que contam a biografia de Raul Seixas.

Mas como você viveu com Raul, faz parte desta história, obviamente é uma das melhores e mais confiáveis fontes sobre o assunto. E por isso, o artigo já foi corrigido conforme seu comentário.

Muito obrigado por ajudar a esclarecer esses fatos.

tags: raul, aniversario de morte, musica, rock nacional,

Paulo Coelho nunca foi amigo do meu pai, diz filha de Raul Seixas


Filha caçula do cantor Raul Seixas, Vivi Seixas (foto) segue os passos do pai na música, mas atua como DJ de house music
Filha caçula do cantor Raul Seixas, Vivi Seixas (foto) segue os passos do pai na música, mas atua como DJ de house music

Vivi Seixas tinha oito anos quando seu pai, Raul Seixas, morreu vítima do consumo excessivo de álcool em agosto de 1989.

"Tenho lembranças lindas dele me ensinando sobre Elvis Presley e tocando para eu cantar", conta em entrevista ao "Guia".

Sobre Paulo Coelho, a filha caçula do "maluco beleza" diz que, "diferentemente do que as pessoas pensam, ele nunca foi amigo do meu pai, e, sim, parceiro musical" (leia abaixo a entrevista).

Prestes a completar 31 anos, Vivi é uma das mais de 50 personagens que deram seus depoimentos para compor o documentário "Raul, O Início, O Fim e o Meio", dirigido por Walter Carvalho.

"O filme é bom, porém, assim como meu pai, tem defeitos. A decadência e a morte dele ganharam um tom pesado e que resvala no 'pieguismo'", diz a atual DJ, que segue os passos do pai na música, influenciada pela forma com que ele mesclava vários estilos.

"Gosto de misturar as vertentes da house music, sem ficar presa em uma só. Preparei um set com algumas músicas como 'Mosca na Sopa', 'Carimbador Maluco' e 'Rock das Aranhas'. Todas com uma pegada mais moderna".

Além de Vivi e das outras duas filhas de Raul, amigos e parceiros --como Caetano Veloso, Marcelo Nova, Tom Zé e Paulo Coelho-- e quatro grandes companheiras também participam do filme, com declarações que ajudam a apresentar uma imagem da lenda do rock nacional.


ABAIXO, LEIA O BATE-PAPO COM VIVI SEIXAS:




Lenda do rock nacional Raul Seixas e sua filha caçula Vivi Seixas, que adorava a barba do pai quando criança
Lenda do rock Raul Seixas e sua filha caçula Vivi Seixas (foto), que adorava a barba do pai quando criança

Guia Folha - Qual sua avaliação sobre o documentário?
Vivi Seixas - O filme é bom, porém, assim como meu pai, tem defeitos. Com mais de duas horas de duração, o documentário ficou excessivamente longo. A decadência e morte dele ganharam um tom pesado e que resvala no "pieguismo" --o diretor leva a empregada Dalva a revisitar o apartamento onde ele faleceu. Na verdade, ele priorizou diversas cenas com esse caráter mais subjetivo, como a dança de Elvis Presley feita por um amigo de infância de Raul ou quando vemos, por exemplo, o ator Daniel de Oliveira revelando que seu filho se chama Raul, ou até quando o jornalista Pedro Bial canta uma das músicas do ídolo.

Abordou fielmente a vida do seu pai?
A obra de Raul é maior do que caberia em apenas um filme. Há mais a ser falado, mostrado... Principalmente, em relação à criação musical.

Qual a parte que mais te emociona ou te marca no filme?
A parte final me fez lembrar quando eu estive em São Paulo no apartamento da rua Frei Caneca, três meses antes da morte dele. Fomos juntos a uma padaria pela manhã, juntos, e chorei quando ele pediu um chope. Mesmo sem saber exatamente da sua doença, eu pressenti que alguma coisa estava muito errada.

Ainda tem contato com amigos e parceiros de seu pai, como Paulo Coelho?
Paulo Coelho, diferentemente do que as pessoas pensam, nunca foi amigo do meu pai, e, sim, parceiro musical. Como o próprio Paulo já declarou, eram "inimigos íntimos". Mantenho contato, sim, com os amigos Rick Ferreira, Claudio Roberto, Sylvio Passos e Marcelo Nova.

Qual a música de seu pai que você mais gosta?
"Ângela" e "Lua Cheia": duas músicas que ele compôs pra Kika, minha mãe. Ela foi realmente a grande paixão do meu pai e a única que trabalhou sua obra durante todos esses anos. Pena que ela não suportou as crises de alcoolismo dele. Eu tinha 5 anos, e ele ficava constantemente internado.

O Raul tem essa fama de doido, maluco beleza. Mas como ele era em casa? Como era seu relacionamento com ele?
Diferente da fama era uma pessoa extremamente educada, caseira e amorosa. Tenho lembranças lindas dele me ensinando sobre Elvis Presley e tocando para eu cantar.

Quando ele morreu você era pequena. Como foi assimilar a perda?
Como para qualquer criança, foi difícil para mim, mas o que me ajudou muito --e ajuda até hoje-- é ter a voz dele para eu escutar quando quiser. Isso ameniza muito a saudade.

Em relação à sua profissão: como começou? Vai tocar em alguma casa em SP? Quais os planos?
Depois de muitos anos me questionando, em 2004, resolvi assumir o meu lado musical, completamente diferente do meu pai. A house music é a minha forma de expressão. Mas nenhuma festa marcada em São Paulo. Mas adoraria tocar no D- Edge [clube da zona oeste de São Paulo].

A música de seu pai influencia no seu trabalho de DJ?
Como homenagem a Raul, preparei um set com algumas músicas como "Mosca na Sopa", "Carimbador Maluco" e "Rock das Aranhas". Todas com uma pegada mais moderna. O que me influencia é a forma que meu pai tinha de misturar vários estilos. Do baião ao tango, do rap ao forró. Gosto de misturar as vertentes da house music, sem ficar presa em uma só.



http://guia.folha.com.br/

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Raulzito - Curiosidades sobre Raul Seixas

Curiosidade sobre a vida do Raul Seixas

O Raul Seixas é de origem Salvador onde nasceu no dia 28 de junho de 1945 e veio falecer no dia 21 de agosto de 1989 em São Paulo, era muito conhecido como “Maluco Beleza que foi um cantor e compositor brasileiro. Era uma pessoa muito caseira e adorava ler livros, além disso, escrevia histórias onde todas elas tinham personagens fixo, um cientista maluco, o Melô.

Em 1960 acaba surgindo seu grupo Os Panteras os shows vinham surgindo de forma rápida onde tornaram-se a banda de rock mais popular da Bahia, até convite para gravar um disco pela Odeon no Rio de Janeiro apareceu. Ele acaba perdendo seu emprego e decide participar do Festival Internacional da Canção em 1972 onde suas músicas foi umas das classificadas a música “Let Me Sing Let Me Sing”.

No seguinte ano Raul acaba fazendo sucesso e faz contratos com a gravadora Polygram, ele sempre dizia que “Através da música expunha meu ponto de vista sobre a humanidade”. O final dos anos 70 e boa parte dos 80 é marcado por grandes momentos, fez muito sucesso em toda sua carreira sendo que acaba sendo afetada por problemas de saude.

Ele teve cinco mulheres, três filhos, enfrentou muito problemas pessoais onde acabou se entregando ao alcoolismo que no dia 21 de agosto de 1989 faleceu. Raul Seixas fundiu o tal rock’n roll com todas as variações rítmicas brasileiras do xote ao bailão que acabou ajudando a criar a cara do rock nacional, Raul falava dele mesmo e muitas coisas que ele cantou e disse eram coisas que ele acreditava, sendo uma pessoa muito sincera.

Porém desde seu falecimento continuava mais vivo do que nunca o número de pessoas interessadas em sua vida e obra vem aumentando incalculavelmente, tendo pessoas de todas as faixas etárias e de ambos o sexo, esse ano de 2009 está fazendo 20 anos da sua morte que deixa muitas lembranças boas e saudades, contando com lindas e verdadeiras letras que se inspirava da humanidade.



fonte: http://www.blogers.com.br

segunda-feira, 2 de abril de 2012

RAUL SEIXAS - O ETERNO MALUCO BELEZA



           O cara aniversariou ontem, mais tá valendo comemorar...Raul é eterno! ;)


Raul dos Santos Seixas nasceu em Salvador BA em 28 de Junho de 1945. Sua grande influência foi o rock-and-roll da década de 1950, que ouviu muito nos discos emprestados pelos vizinhos, funcionários do consulado norte-americano em Salvador. Aos 12 anos fundou o conjunto The Panthers (mais tarde Os Panteras), primeiro grupo de rock de Salvador a usar instrumentos elétricos, passando a tocar em cidades do interior baiano. Começou a estudar direito, mas abandonou o curso para se dedicar a música. Em 1967, Jerry Adriani apresentou-se ao vivo em Salvador, acompanhado pelos Panteras, e se entusiasmou com o grupo, convencendo-os a se mudarem para o Rio de Janeiro RJ, onde gravaram pela Odeon (mais tarde EMI) seu primeiro disco LP, Raulzito e os Panteras. De 1968 a 1972 trabalhou como produtor da CBS. Produziu e lançou, em 1971, o LP Sociedade da Grã-Ordem Kavernista apresenta sessão das dez, com músicas de sua autoria e em parceria com Sérgio Sampaio, tendo ambos como interpretes ao lado de Míriam Batucada e Edy Star. 


Apresentou-se no VII FIC (transmitido pela TV Globo) em 1972, com duas músicas, Let Me Sing, Let Me Sing e Eu sou eu, Nicuri e o diabo. Contratado em 1972 pela Philips, gravou o LP Os 24 grandes sucessos da era do rock, no qual aparecia creditado apenas como produtor e arranjador (em 1975, com Raul já famoso, este LP seria relançado com seu nome e novo título, 20 anos derock). Seu primeiro grande sucesso como interprete foi Ouro de tolo, em 1973, incluída em seu primeiro LP solo Krig-há, Bandolo!, do mesmo ano e que incluiu outros êxitos, comoMetamorfose ambulante, Mosca na sopa e Al Capone (com Paulo Coelho). Seu sucesso se consolidou com os três LPs seguintes, Gîtâ (1974), Novo aeon (1975) e Há dez mil anos atras(1976). Mudando-se em 1977 para a Warner (que inaugurava sua filial brasileira), gravou três LPs: O dia em que a terra parou (1977), que inclui Maluco beleza (com Cláudio Roberto), que se tornaria um hino da geração hippie, Mata virgem (1978) e Por quem os sinos dobram(1979). Apesar de crescentes problemas de saúde e varias trocas de gravadoras, manteve o prestigio e o sucesso em quase todos seus LPs seguintes: Abre-te sésamo (CBS, 1980), Raul Seixas (incluindo sucessos como Capim-guiné, com Wilson Ângelo, e Carimbador maluco, este incluído no musical infantil Plunct, Plact, Zumm, da Rede Globo, Eldorado, 1983), Metrô linha 743 (Som Livre, 1984), Uah-bap-lu-bap-lah-bdim-bum! (Copacabana, 1987), A pedra do Gênesis (Copacabana, 1988) e A panela do Diabo (em dupla com Marcelo Nova, um de seus maiores discípulos e líder do Camisa de Vênus; Warner, 1989). Seus outros sucessos incluemComo vovó já dizia (com Paulo Coelho, 1975), Rock das "aranha" (1980) e Cowboy fora-da-lei(1987). Com público dos maiores e mais fiéis, foi o primeiro artista brasileiro a ter um LP organizado e lançado por um fã-clube, a coletânea de gravações raras Let Me Sing my Rock-and-roll (1985, mais tarde encampada pela Polygram com titulo Caroço de manga), e mesmo após sua morte continua exercendo influência, com músicas regravadas por artistas tão diversos quanto Caetano Veloso (Ouro de tolo), Irmãs Galvão (Tente outra vez), Margareth Meneses (Mosca na sopa), Deborah Blando (A maçã) e o grupo RPM (Gîtâ). Em 1995, varias homenagens marcaram seu aniversário – faria 50 anos. Foram lançados um livro, O trem das sete, Editora Nova Sampa, e um CD, Sociedade Grã-Kavernista apresenta sessão das dez,reedição do LP de 1971. Morreu em São Paulo em 21 de Agosto de 1989.



"A arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser um sujeito normal"

"Quero dizer agora o oposto do que eu disse antes. Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo..."


"Não diga que a vitória está perdida se é de batalhas que se vive a vida"

RAUL SEIXAS
1945-1989

fonte: http://euvivonomundodalu.blogspot.com.br

sexta-feira, 9 de março de 2012

O início, o Fim e o Meio ( Sobre o filme )

Paulo Coelho acende as velas de um castiçal na mesa de jantar. “Raul é lenda, então por que contar a história?”, pergunta. O interior de sua casa em Genebra é clean. Ele está vestido de preto e começa a falar com tranquilidade sobre o antigo parceiro, com quem escreveu alguns clássicos do rock nacional, como Gita, Al Capone, Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás e Como Vovó Já Dizia, entre outros. Nesse momento aparece uma mosca. Paulo espanta o inseto e comenta: “Engraçado, aqui não tem mosca”. Ele continua a conversar e é interrompido novamente pelo zumbido do bicho, que voa em torno dele. Ele sorri. “É o Raul, não vou matar.”

Para Walter Carvalho, diretor de Raul – O início, o Fim e o Meio, cuja estreia está prevista para este mês, existe sempre uma alma generosa que protege os documentaristas e, de vez em quando, dá a eles um presente. “A mosca apareceu na hora da entrevista, em cima do Paulo, perturbando a conversa. Na hora, rimos e achamos curioso, mas depois, na montagem, vimos que era incrível que ela aparecesse”, conta.

O inusitado vem do fato de que Raul imortalizou o inseto no baioque – a junção de rock com baião que ele inventou – Mosca na Sopa: “Eu sou a mosca que pousou em sua sopa / Eu sou a mosca que pintou pra lhe abusar”, dizia o refrão. O documentário sobre Raulzito joga luz sobre um gênio que influenciou várias gerações com sua obra ácida, criativa e vigorosa e uma atitude irreverente e livre diante da vida. Walter é um dos diretores de fotografia mais premiados do país. Atuou em 70 filmes para cinema e TV, como Central do Brasil e Lavoura Arcaica. Na direção, assinou Cazuza e Budapeste. “Até para quem gosta e conhece bem o Raul, há enormes surpresas”, garante. O filme percorre épocas e movimentos distintos: a bossa nova, a ditadura, a abertura política, o rock brasileiro, o tropicalismo, os festivais. A assinatura de Walter se percebe desde o início, com a voz em off de Raul e imagens dele comendo peixe no Nordeste, em seguida emendando no sertão da Bahia e cortando para um deserto na Califórnia onde se veem Peter Fonda e Dennis Hopper em Sem Destino.

Uma das razões de o jovem produtor de São Paulo, Denis Feijão, ter encarado a empreitada é a paixão pelo artista, a mesma que move seus fãs inveterados, muitos dos quais ganham a vida como sósias. Embora contemporâneo de Raul, Walter não conhecia a fundo a história do personagem central. “Se ele fosse vivo teria 66 anos. Eu tenho 64. Somos da pós-contracultura, que vem no rastro dos beatniks”, diz. “Quando li que Raul viu mais de 20 vezes o filme Balada Sangrenta, com Elvis Presley, fiquei mexido. Eu próprio assisti pelo menos dez vezes.” Elvis era o elo que faltava entre eles. No filme, pode-se ouvir o roqueiro aos 9 anos fazendo uma imitação de Presley em gravação doméstica. Walter Carvalho também levantava a gola da camisa, fazia um topete no cabelo e fingia tocar guitarra quando garoto.

Raul Seixas nasceu em 1945, em Salvador, filho da classe média: o pai era engenheiro da estrada de ferro e a mãe, dona de casa. Ainda cedo criou com os amigos o Elvis Rock Clube. Daí para a formação do primeiro grupo foi um passo: era o Relâmpagos do Rock, que virou pouco depois Raulzito e Seus Panteras. Esse tipo de conjunto de quatro componentes se espalhou, curiosamente, pelo Nordeste. Em 1968, gravou no Rio seu primeiro disco, com Os Panteras, um estrondoso fracasso. Sua carreira só deslanchou quando inscreveu Let Me Sing, Let Me Sing no Festival Internacional da Canção de 1972. No ano seguinte, lançou o clássico Krig-Ha Bandolo, que continha o hino Metamorfose Ambulante e a canção Ouro de Tolo. Tinha formado com Paulo Coelho uma parceria produtiva. Paulo era hippie e apresentou o amigo a Euclides Lacerda, da Ordem dos Templários do Oriente, sociedade secreta antirreligiosa e cheia de rituais satânicos, baseada nos ensinamentos do ocultista inglês do século 19 Aleister Crowley. Seu lema, adotado pelos jovens discípulos: “Faz o que queres que há de ser tudo da lei”.

Paulo admite uma competição entre os dois e revela que foi ele quem apresentou as drogas ao colega. O produtor André Midani chora ao se lembrar de Raul, e o crítico musical Tárik de Souza afirma ter sido ele o precursor do rap no país. “Raul era vômito”, afirma um Pedro Bial totalmente tiete, que viu 17 vezes o show do ídolo no teatro Tereza Raquel. Caetano Veloso aparece cantando Ouro de Tolo. Os fãs e imitadores surgem reunidos em torno de lembranças marcantes. Foram ao todo 94 pessoas entrevistadas e 400 horas de filmagens. As imagens do próprio Raul são incríveis. “Verdade absoluta não existe, minha música só abre as portas para as liberdades individuais”, diz ele, a certa altura.

Mas os momentos mais reveladores estão reservados para as ex-mulheres e as três filhas. A filha Simone, que foi levada para os Estados Unidos pela mãe, a americana Edith Wisner, aos 4 anos, e nunca mais viu o pai, se emociona. Glória Vaquer fala ao lado da filha Scarlet e do neto de Raul, Dakota, muito parecido com o avô, aliás. Os três vivem no Texas. Lena Coutinho, sua última companheira, gravou sua participação em Washington, onde vive, e admitiu, referindo-se ao alcoolismo: “Perdi a batalha”. Há ainda as ex-companheiras Kika Seixas (com a filha deles,Vivian) e Tânia Mena Barreto. Todas abrem o coração e lamentam a trajetória tumultuada pelas drogas e pela bebida.

O auge de Raul Seixas se deu entre 1973 e 1979. A partir daí, viria a decadência. Morreu só em seu apartamento, em agosto de 1989, aos 44 anos. Seu corpo foi encontrado pela empregada Dalva – que, no filme, desmaia ao voltar ao local. Tinha acabado de fazer uma turnê de 50 apresentações. Para Walter Carvalho, ele morreu de amor. Amor pela menina Edith, por quem se apaixonou na adolescência e que o abandonou quando soube que Glória estava grávida dele. Além disso, ela não teria aguentado a vida que ele escolheu. “Foi o amor que o acompanhou sempre”, afirma Walter. “Ele enveredou pelo caminho da boemia, perdeu o controle e, quando quis voltar, já não tinha mais forças e nem para onde. Sua vida tem uma carga criativa e irreverente, mas também melancólica, que passa por essa ruptura que ele não recupera. Alguma coisa se perdeu no tempo e no espaço.”



fonte: http://www.linkado.info/2012/02/toca-raul/