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sábado, 5 de abril de 2014

A Saudade da Pátria e da infância - Casimiro de Abreu



Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã.
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberto ao peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!


Oh! Que saudades que tenho
Da aurora de minha vida (...)

quinta-feira, 20 de março de 2014

Viver intensamente - Texto de William Shakespeare





WILLIAM SHAKESPEARE.. Que texto..
Aprendi que Amores eternos podem acabar em uma noite.
Que grandes amigos podem se tornar grandes inimigos.
Que o amor sozinho não tem a força que imaginei.
Que ouvir os outros é o melhor remédio e o pior veneno.
Que a gente nunca conhece uma pessoa de verdade, afinal, gastamos uma vida inteira para conhecer a nós mesmos.
Que os poucos amigos que te apoiam na queda, são muito mais fortes do que os muitos que te empurram.
Que o "nunca mais" nunca se cumpre, que o "para sempre" sempre acaba. Que minha família com suas mil diferenças, está sempre aqui quando eu preciso.
Que ainda não inventaram nada melhor do que colo de Mãe desde que o mundo é mundo.
Que vou sempre me surpreender, seja com os outros ou comigo.
Que vou cair e levantar milhões de vezes, e ainda não vou ter aprendido TUDO."
Estamos aqui de passagem..

William Shakespeare

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Sonhos de Um Guri Campeiro - Poesia campeira






Leandro Araújo

(poesia vencedor da Campereada Internacional do Alegrete - 1995)

Muito mais que somente um guri,
É um pequeno homem das lidas campeiras.
De calça curta e pés no chão,
Na cabeça, um chapéu velho de aba quebrada
-Herança do seu avô-
E na cintura, uma cherenga
Presa num tento de couro cru.

Na escola do galpão
Aprendeu a amar o pago.
Ouvindo os versos de algum xirú
Ou um bordonear de guitarra,
Nem pensa em deixar a estância
Por povoeiras ilusões.

Os sonhos de um guri campeiro
São estrelas que se fundem
Num céu de imagens rurais
Onde a pata de cavalo e a ponta de lança
São luzeiros que iluminam as fantasias
E guiam os passos de um piá.

Quando um velho conta um causo
Se deixa cabrestear
Pelas histórias de guerra,
E nas rodas de galpão
Sonha que é herói
De lenço colorado no pescoço,
Montando o flete mais lindo
E com a espada firme na mão.

E o guri vira soldado
Nas arrancadas de "Noventa e Três",
É Adão Latorre nas degolas
Frente a Maneco Pedroso
Para a bênção sangrenta
No fio da adaga colorada.
Mas, sem entender o porquê das guerras,
Passa de Honório a Flôres
-Foi chimango e maragato
Nos causos de "Vinte e Três"
Pois pra ele a cor do lenço não justifica
Lutar irmão contra irmão.

Não sonha com naves loucas
Ou com seres de outro mundo,
Viaja no lombo dos pingos
Nas cargas de lança
E nos tiros de laço.
Era soldado e peão
Nos tempos que o fio de barba
Era o documento mais honrado.

Mas...
Antes mesmo
Do sol brotar por entre os serros
As infantis fantasias
Viram terrunhas realidades:
Buscar as vacas de leite,
Trazer água da cacimba,
Campear uma rês perdida,
Cumprir a faina exigida
Porque na lida de campo
Trabalho não tem idade.

Aproveita, guri!
Ainda és novo!
O teu inseguro porvir
Tirará estrelas do céu,
E os teus mágicos devaneios
Darão lugar a tristes realidades.
O soldado peão de teus encantos
Se apagará da memória
E as guerras fantasia
Serão lutas de sustento
Contra máquinas letais.

Na construção de um novo mundo
Não haverá lugar para sonhos.
O teu trabalho de campeiro
Vai sumir nas construções.
Sonha, sonha enquanto há tempo,
Pois os sonhos acalentarão
Teu futuro de incertezas.