sexta-feira, 13 de julho de 2012

O Mais Puro Rock'n roll


É muito interessante observar as matérias sobre o Dia Mundial do Rock que são veiculadas, principalmente pela mídia televisiva. Eles (ainda) insistem na imagem do roqueiro cabeludo, tatuado, com roupas de couro e aparência de drogado, montado em sua Harley Davidson, colocando ao fundo, imagens de Elvis Presley, Beatles, Rolling Stones, The Doors, Jimi Hendrix e Janis Joplin.

Jimi Hendrix


Sobre esses últimos, não há espaço para contestação, são verdadeiros ícones e nem mesmo um alienígena que passou os últimos 30 anos em Marte poderia negar a importância que essas figuras tiveram para a cultura em geral. Mas, a impressão que fica é que o estilo morreu no Festival de Woodstock em 1969. O que a mídia não sabe ou finge não saber, é que o rock foi reinventado várias vezes nas décadas que se seguiram (dando origem às infindáveis denominações que hoje só a mídia especializada é capaz de entender) e mantém-se vivo até hoje.


Led Zeppelin


Nos anos 70 vieram o rock progressivo de Genesis, Yes e Pink Floyd, o hard rock de Led Zeppelin, Deep Purple, Ac/Dc, Rush, Kiss e Rainbow, o heavy metal de Judas Priest e Black Sabbath e o punk de Ramones, Sex Pistols e The Clash.


Judas Priest


Nos anos 80 foi a vez da new wave of british heavy metal de Iron Maiden e Saxon, do heavy metal de Savatage, Grave Digger, Manowar do metal melódico de Helloween, do hard rock farouf de Bon Jovi, Dokken, Ratt, Europe e Whitesnake, o pop rock de U2 e The Police e o thrash de Kreator, Slayer, Metallica e Sepultura, além do inclassificável mad man Ozzy Osbourne e dos guitar heroes Yngwie J. Malmsteen, Joe Satriani, Steve Vai e Vinnie Moore.


Steve Harris (Iron Maiden)


Nos anos 90, surgiram o grunge de Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden e Alice in Chains, o metal melódico de Viper e Angra, o hard rock de Winger e Dr. Sin, o metal progressivo de Symphony X e Dream Theater, o speed metal de Stratovarius e Gamma Ray, o black metal de Dimmu Borgir e Cradle of Filth e o metal-gótico-com-vocal-feminino de The Gathering, Tristania e Nightwish.


Soundgarden


É claro que existem muitos outros nomes que mereceriam ser citados, mas, não existe espaço suficiente para mencionar todos. Destacamos acima apenas os mais lembrados pela própria mídia, que, infelizmente, esquece de todos eles quando quer contar a história do rock em 30 segundos.

Black Sabbath


A consequência disso é que, quando insiste em mostrar apenas os doidões dos anos 60, reforça o estereótipo do roqueiro criado por ela mesma e ignora que o estilo mudou a partir de um fato muito importante ocorrido nos idos dos anos 70: a profissionalização.

André Matos


As grandes gravadoras perceberam que o rock se configurava como um bom investimento: baixo custo de produção dos discos associado a um crescente interesse do público pelo estilo. Vieram as grandes turnês, os mega espetáculos, as super produções, e o jovem rock, com menos de vinte anos, já havia se tornado um grande negócio, movimentando muito dinheiro e fazendo milionários os principais artistas do gênero.


Uriah Heep


Ainda na década de 70, a figura do hippie-cabeludo-mau-cheiroso-com-flor-no-cabelo foi trocada pela do excêntrico-milionário-pervertido, e a partir daí, a profissionalização se impôs como fator de sobrevivência, devido à concorrência entre as bandas, que não paravam de proliferar nos quatro cantos do mundo. Não havia mais espaço para a figura do roqueiro que vive uma viagem astral em busca do auto-conhecimento, era preciso trabalhar muito, seja na produção ou na divulgação dos discos e shows.


Kiss


Surgiram então as primeiras bandas puramente comerciais, que se preocupavam mais com o cabelo, roupas e maquilagem do que com o a sua própria música. A super exposição nos meios de comunicação e os famosos jabás das gravadoras os transformavam em ídolos do rock com uma velocidade atordoante. Para algumas bandas, essa atitude poser foi passageira e o que se viu depois foi uma retomada das suas carreiras, mas, para a maioria, significou a decadência total de suas trajetórias. É o fim de tudo que é descartável.


Steve Vai e David Coverdale (Whitesnake)


Atualmente, o rock conta com dezenas, talvez centenas, de subdivisões e classificações, umas mais novas, outras nem tanto, tais como black metal, death metal, true metal, doom, splatter, stoner, hard core, grind core, speed metal, power metal, folk metal, gothic metal, operatic, symphonic, atmospheric, poppy punk, indie, etc, etc. São milhares de bandas espalhadas por todo o mundo vivendo (sobrevivendo, em alguns casos) de fazer música pesada, apenas com o apoio da mídia especializada (revistas como Rock Brigade e Roadie Crew, zines, blogs, programas de rádio, etc), fazendo shows com muito profissionalismo e respeito ao público e empregando muitas pessoas, direta ou indiretamente.


Nightwish


Paralela à cena profissional do rock, existe a cena independente, que é ao mesmo tempo democrática e caótica. Democrática devido à facilidade de se gravar uma música utilizando um computador e à agilidade de se divulgar um trabalho pela Internet. Qualquer um pode gravar, na garagem da sua casa ou mesmo no seu quarto, e disponibilizar tudo na grande rede, sem necessidade de gravar um Cd. Caótica porque não existe mais o controle de qualidade e a peneira de uma gravadora. A frase qualquer um pode gravar assume a pior conotação possível, jogando em um mesmo caldeirão artistas legítimos e aventureiros ocasionais.


O rock mudou, os roqueiros mudaram e o público que consome essa arte também mudou. Respeitáveis pais de família, sem tatuagem e com cabelos e barbas impecavelmente feitos são a imagem dos consumidores de rock e até de alguns roqueiros de hoje em dia. Pena que a mída ainda não percebeu isso.


tags: rock, puro rock, led zeppelin, black sabbath, kiss, rock'nroll,

retirado de : http://seventhson-geezer.blogspot.com.br


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